sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Curso de formação do Cimi prepara missionários


O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) realiza na Casa de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (GO), entre os dias 10 e 31 de janeiro, o seu curso anual de formação para missionários, que reúne 24 pessoas, entre eles oito leigos e 16 religiosos.
De acordo com o coordenador do curso e do Cimi no Regional Norte 2 (Pará e Amapá), Claudemir Monteiro, o objetivo da formação é qualificar o trabalho dos missionários que trabalham nas aldeias indígenas em todas as regiões do país. “O curso de formação básico do Cimi surge da política de formação da entidade. Prevê que os missionários que desejam trabalhar nas aldeias tenham noções básicas necessárias para atuarem de forma qualificada junto aos indígenas”.
Dividido em duas etapas, os alunos do curso do Cimi têm ao longo da formação, aulas de noções básicas de direito, antropologia, teologia, pastoral indigenista, história indígena. Além das aulas teóricas, quando o aluno conclui a fase inicial, ele é encaminhado para um estágio em aldeias, conforme explicou Monteiro. “O estágio é para o aluno aprender a conviver com outras culturas, respeitar o outro, a diferença, para poder desenvolver um trabalho de qualidade inserido na cultura indígena”, explicou Monteiro. Na segunda etapa do curso os alunos levam um relatório de convivência que teve na aldeia, que deve ser apresentado aos professores das diversas disciplinas.
O doutor em teologia, Paulo Suess, atuante no Cimi desde 1977, e professor de teologia indigenista no curso, disse que a formação é um preparativo que dá maturidade ao missionário para a atuação junto aos indígenas. “Aqui os missionários aprendem a trabalhar com qualidade junto aos indígenas, com respeito, humildade e com qualidade”, sublinhou. Suess, no entanto, destaca que tem sido difícil conseguir missionários para o trabalho com os indígenas, pelas limitações próprias oferecidas ao missionário. “A Pastoral indigenista é um campo difícil para jovens; não temos planos de carreira, não temos outro horizonte senão se doar à causa dos povos indígenas. Com isso, você não faz carreira acadêmica e profissional e é um trabalho que exige a mínima presença e uma decisão firme do jovem que deve ter como fundamento a fé para saber por que fez essa opção”, apontou Suess.
Atuação
Não há áreas de atuação específicas para o missionário que se forma no curso do Cimi. Ao ser designado por um Regional para trabalhar nas aldeias, os missionários desenvolvem campos de atuação em assessoria para definição de territórios indígenas, na saúde, educação, acompanhamento de delegações indígenas e desenvolvimento de pequenos projetos.
O aluno da primeira etapa do curso, Alisson Hendrik, atua no município de Teófilo Otoni (MG) com os povos indígenas Maxacali. Ele comentou o seu trabalho e a importância do curso para a sua atuação junto aos indígenas no interior de Minas Gerais. “Eu atuo junto aos maxacali com o objetivo de dar visibilidade a esse povo, trabalhar com a comunidade na compreensão de preservar a sua cultura. O curso tem sido muito importante para fundamentar teoricamente aquilo que é a minha prática junto aos povos indígenas. O meu trabalho exige um preparo por parte dos missionários para que a gente possa estar compreendendo melhor a cultura e identidade desse povo”.
A colombiana e religiosa da Congregação Mínima da Paixão, irmã Deyanet Garzon, atua na equipe itinerante do Alto Solimões, na Amazônia, entre as fronteiras do Brasil, Peru e Colômbia. Ela também vê o curso como qualificativo para o trabalho com os povos indígenas. “A formação nos prepara para o contato e a convivência. É importante porque nosso trabalho é visitar as comunidades, ouvir os problemas e ajudar na garantia dos direitos dos povos indígenas e o curso nos dá essa base”.
Fonte: CNBB

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