segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Permanente Júbilo do Natal

O gáudio é a característica marcante do Natal. O anjo disse aos pastores: ”Eu vos anuncio uma grande alegria que o será para todo o povo :”hoje na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2.10-11). O Redentor repete a cada um o que foi dito através do profeta Isaías: “Aqueles que esperam em mim não serão jamais confundidos” (Is 49, 23). Trata-se do afastamento de toda e qualquer perturbação exterior e o reinado da tranqüilidade no íntimo de cada um. Diante do presépio anjos cantavam. Francisco de Assis prorrompia em gestos de um delírio celestial. Teresa de Ávila ao recordar o prodígio do nascimento de um Deus entre os homens atava as castanholas em suas mãos, cantava, bailava jubilosamente e convidada a bailar a suas monjas, todas tomadas de uma satisfação incomensurável. Jesus é a salvação a irradiar paz, felicidade, eutimia! O regozijo que marca o Natal, anunciado pelos profetas, ilumina todas as almas crentes, atravessa os séculos e se derrama mundo todo. Os insensatos, através dos tempos, quiseram apagar a “Luz do Mundo” que um dia brilhou em Belém, mas nunca conseguiram, nem jamais conseguirão, sufocar a ledice que se apossa dos que amam Jesus. Não se trata de uma alacridade superficial, infantil, fisiológica e inconsciente. É o fruto opimo de uma reflexão profunda, de uma fé arraigada, de uma esperança luminosa e de uma mútua dileção que prende o Criador e a Criatura, Deus e o Homem, o Céu e a Terra. Coros angélicos, algazarra dos pastores, cânticos de José e de Maria atravessam os séculos e têm o ritmo de uma égloga, a gravidade épica de um nascimento o mais sublime registrado na História, o idílio de um outro nascimento, qual seja aquele silencioso e místico de Cristo em cada coração que amorosamente o recebe nesta quadra do ano. O clima é de deleite e permite a alma voar através dos pensamentos mais pulcros e cheios de enlevos além mundo. É que o sentido teológico, histórico e místico do período natalino imerge o cristão em realidades consoladoras capazes de liquidar qualquer depressão, tristeza ou temor. Um Menino-Deus nascendo numa pobreza total indica claramente que não são os bens terrenos a fonte da ventura e leva ao êxtase da contemplação do Verbo Eterno de Deus a convidar para a conquista de um reino de perene fortuna, selando a grandeza de quem foi criado à imagem e semelhança do Ser Supremo. Aquele que nasceu na terra é o mesmo que foi gerado desde toda a eternidade, consubstancial ao Pai e ao Espírito Santo, “Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”! Na criancinha que jaz num estábulo a crença nos leva a adorar os esplendores magníficos da divindade e nossa inteligência se afunda incansavelmente nas alegrias infinitas, nas inefáveis complacências da glória essencial do Pai o qual está no Filho e do Filho que está no Pai e que foi concebido no seio da Virgem Maria pelo poder do Divino Espírito Santo. Através da Liturgia o Dogma se torna vida, levando cada um aos abismos da eternidade. Estas realidades se tornam ainda mais vivas quando se percebe que elas fluem do silêncio da gruta sagrada, chamando à adoração e à meditação bem longe do bulício com que uma civilização hedonista e materialista quer envolver mistério tão belo e santificador. Há sim um comércio, não porém o suscitado pela ganância econômica que move a sociedade de consumo, mas o comércio admirável pelo qual o Pastor da humana linhagem, tomando um corpo animado, se dignou nascer entre nós para nos comprar para seu Império de amor. Segundo um notável poeta, eis o que Deus nos diz então: “Eu quero penetrar lá no íntimo de cada coração para enchê-lo de bem-aventuranças sem fim; quero que as alegrias natalinas estejam com todos em todos os momentos”! Entretanto, só os que têm uma consciência pura percebem a beleza de tal mensagem e usufruem de tanta abundância de graças divinas! * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Fonte: Cônego Vidigal

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