quinta-feira, 28 de abril de 2011

Alegrai-vos! “A vida venceu a morte”



“Feliz Páscoa!” é a saudação que costumamos ouvir nessa época do ano. Afinal, celebramos a Ressurreição de Jesus e a certeza da nossa ressurreição. É a Páscoa do Ano Centenário de nossa Arquidiocese de Olinda e Recife.

Conforme a tradição, no Ano Jubilar, eram perdoadas todas as dívidas e se redistribuíam, fraternalmente, terras e propriedades. Isto significa elevar a Deus solene ação de graças pelos benefícios recebidos, pedir perdão pelas infidelidades, retomar o primitivo amor e olhar confiante para o futuro. Recordemos as palavras do Papa João Paulo II no Jubileu do ano 2000. Ao conclamar toda a Igreja a ter a coragem de voltar ao alto mar do mundo de hoje e ali lançar as redes, o Papa repetiu as palavras de Jesus a Pedro: “Duc in altum” (Faze-te ao largo, isto é, avança para águas mais profundas) (Lc 5,4) e acrescentou: “Estas palavras ressoam hoje aos nossos ouvidos, convidando-nos a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente e abrir-nos com confiança ao futuro” (Novo Millennio Ineunte, 1).

Páscoa significa passagem, salto. Na sua origem, era uma festa pastoril e agrícola, recebendo depois conotação religiosa. Recorda a ação de Deus, através de Moisés, que age em favor do “Povo da Aliança”, libertando-o da escravidão em que se encontrava no Egito e conduzindo-o de volta à terra de seus pais. O rito da Páscoa para os judeus consiste na imolação de um cordeiro novo, a ser consumido por inteiro e por família, acompanhado de pães sem fermento e ervas amargas, para recordar as dificuldades e lutas da caminhada ao longo da travessia do deserto rumo à “Terra Prometida” (Ex 12,1-14).

Jesus Cristo, o “Novo Moisés”, o “Enviado do Pai”, ao celebrar a Páscoa com seus discípulos, dispensa o cordeiro e se coloca em seu lugar, para que, definitivamente, a humanidade pecadora seja reconciliada. Revela-se o “Cordeiro Pascal que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29b).

Uma vez salvos e libertos pelo Sangue Redentor de Jesus Cristo, a criatura humana comprometida com sua Palavra, reencontra nela a felicidade e a paz desejada. Sente-se, particularmente, motivada a caminhar na justiça e na santidade.

A vida nova proposta na Páscoa é direito de todos. Somos convidados a anunciá-la e promovê-la. O homem não está, ainda, suficientemente amoldado à verdadeira vida. Continua entre nós a desigualdade social que gera miséria, fome, violência e exclusão. As lutas de classes discriminam e geram desemprego, insatisfação, depressão e falta de esperança. O individualismo marginaliza e discrimina. Afinal, os/as filhos/as de Deus são, de tal forma, desrespeitados, que lhes são negados os direitos elementares à educação, saúde, moradia, trabalho, lazer e outros. A Paixão de Jesus continua em cada um deles, conforme costumamos lembrar na Sexta-feira da Paixão.

Deus nos criou para a felicidade, na liberdade, independentemente de gênero, raça, cultura, credo, nacionalidade ou posição social. E todos temos direito a ela. Deus nunca se alegra com a dor e o sofrimento; alegra-se, sim, com o/a filho/a que volta confiante à casa do Pai (cf. Lc 15,11-32).

Que a “Igreja missionária”, de “semblante alegre”, que estamos lutando por construir, nos faça crescer na unidade e fraternidade.

Juntos, como irmãos e irmãs, lutemos pela paz, justiça e igualdade, características do Reino de Deus, que nos esforçamos por implantá-lo. E que esta Páscoa do Ano Jubilar nos transforme, de fato, em “novas criaturas”.

Uma santa, feliz e permanente Páscoa para todos e todas!



Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife


Fonte: acessoria da AOR

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